sábado, 5 de setembro de 2015

MEU PÉ ESQUERDO - Resenha/ Resumo

Por Agnaldo Tavares

UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO: SURPREENDENTE E FASCINANTE



“Meu Pé Esquerdo” (My Left Foot, 1989) conta a história real de Christy Brown, escritor e artista plástico, representado pelo ator Daniel Day-Lewis (Oscar de melhor ator).
____________________________________________________


Christy nasceu com paralisia cerebral, o que lhe tirou quase todos os movimentos do corpo, restando apenas com mobilidade o seu pé esquerdo.

De família irlandesa, muito pobre, ele sofreu com a privação do que é necessário para se levar uma vida razoável. E nesta atmosfera Christy resiste e nos traz um exemplo extraordinário de luta implacável contra os desconfortos da vida.

O filme tem início com uma cena peculiar de Christy. Com o seu pé esquerdo ele põe um disco de vinil para tocar, e a música sonoriza as primeiras cenas...




Christy é levado de carro, junto com a mãe o os irmãos, para a apresentação de sua personalidade em um evento sobre deficientes celebrais. Ao chegar, ele é conduzido por uma enfermeira, Mary Car (Ruth McCabe) a uma sala na qual aguarda o instante de ser apresentando ao público. Ele entrega o original de seu livro para a enfermeira que o faz companhia, ela então abre o livro e por aí começa a narrativa da história de Christy Brown.

Em sua autobiografia, Christy descreve seus primeiros momentos de vida:

Quase todos os médicos que me viram e me examinara rotularam-me como um caso interessante mas sem esperanças. Muitos disseram à minha mãe, com delicadeza, que eu era deficiente mental e que seria assim. Foi um grande choque para uma jovem mãe que já tivera cinco crianças saudáveis. Os médicos estavam tão certos do que diziam que a fé de minha mãe em mim parecia quase uma impertinência. Asseguraram-lhe que nada poderia ser feito por mim.

Ela recusou-se a aceitar a verdade inevitável – como então parecia – de que eu não tinha esperanças. Ela não podia e não acreditariam que eu era um imbecil, como os médicos afirmavam. Não havia nada nesse mundo em que pudesse se basear, nem uma mínima evidência para apoiar a sua convicção de que, embora o meu corpo fosse aleijado, a minha mente não era. Apesar de tudo que os médicos lhe disseram, ela não podia concordar. Não creio que soubesse por quê – apenas sabia, sem que a menor sombra de dúvida lhe passasse pela mente.” (Brown in Buscaglia, 1993, pag. 91).

Voltando ao filme: é narrada a reação odiosa de seu pai quando ao saber, na maternidade, a deficiência do filho. Ódio que o acompanha boa parte de sua vida. A forma com que ele trata o menino deficiente é diferenciada ao restante dos filhos. Pois ele o vê como um estouvo, um imbecil o que, na mentalidade insana do senhor Brown (Ray McAnally), não o faz um representante legítimo da família.



Em uma das primeiras cenas dramáticas do filme, a mãe de Christy, ao entrar em trabalho de parto, termina por sofrer um acidente em casa, caindo da escada quando descia para procurar ajuda na vizinhança. Christy desse a escada rastejando até chegar a porta onde sua mãe se encontra ao chão. Então, o menino diante àquele momento de incapacidade da mãe, com o pé esquerdo, batendo contra a porta faz barulho até chegar ajuda.



Em meio à dificuldade financeira, sem recursos para comprar uma cadeira de rodas, o pai de Christy, usando de um caixote, inventa uma espécie de carrinho para locomoção do menino. A garotada animada se diverte empurrando o Christy pelas ruas do bairro...



Em uma dessas brincadeiras, em que os garotos, curiosos, repassam as páginas de uma revista de nudez feminina, sentindo a presença de algum adulto, a senhora Brown, eles escondem a revista no carrinho, por baixo do corpo de Christy. Fato que termina por incriminar a menino, tendo que suportar os sermões do padre e os assombros de purgatório e inferno.



Num dos encontros dos irmãos Brown’s em casa, estudando Matemática e Geometria, Christy surpreende a todos, especialmente ao pai, quando ao apanhar um giz com o seu pé, ali mesmo no chão, e escreve algumas letras até formar o nome Mother (mãe).



O senhor Brown se enche de orgulho do pequeno Christy, carrega seu filho nas costas ao bar e apresenta aos seus colegas dizendo que aquele menino é um gênio, um verdadeiro Brown.



Os irmãos de Christy, procuram sempre o incluir em suas diversões. Em uma partida de futebol organizada ali mesmo no bairro, entre seus irmãos e os colegas, o menino [agora rapaz] surpreende, como sempre tem feito. Em uma cobrança de pênalti, os irmão fazem questão que o Christy faça a cobrança, o que ele termina por marca o gol que define o time vitorioso daquela brincadeira amistosa.



Christy se apaixona pela primeira vez, e por uma das moças do bairro, faz uma pintura em um pequeno quadro e escreve alguns versos nas bordas dedicando a ela.



A moça, em primeiro momento, fica encantada, mas ao descobrir, por uma de suas amigas, que o pretendente era o deficiente Christy Brown, ela mesma faz questão de o devolve, deixando o rapaz desconsolado. Mas, tão logo, Christy supera aquele triste momento.



Como a família Brown é economicamente pobre. Com o desemprego do pai, eles passam uma vida "apertada", tendo de sustentar muito mal. Certa vez, ao faltar carvão para aquecerem no inverno, Christy, acorda na madrugada com muito frio. Astucioso, diante daquela situação incomoda, planeja com seus irmãos roubar parte da carga de carvão de um caminhão. O que dá certo. Sua mãe, quando chegam com o carvão, ela não apoia aquela atitude dos filhos.



A certa hora da noite, quando todos se aqueciam frente à lareira, exceto a senhora Brown, esta relutante à atitude dos filhos, Christy percebe uma pequena lata cair no fogo, apavorado ele não consegue dizer, apenas balbucia algumas palavras incompreendidas por seus irmão e o pai.



Ao chamado dos filhos, a mãe corre para a sala, e então ela compreende Christy apenas com um olhar.



Apressa à lareira, mesmo queimando as mãos ela consegue resgatar a latinha e preservar intactas as economias guardadas para comprar a cadeira de rodas de Christy, o que se torna uma realidade alguns dias depois.



Meio que resistente ao tratamento, Christy termina por ceder à experiência.



Sentindo-se constrangido por se tratar de um espaço mais exclusivo para crianças, o rapaz interrompe o tratamento por si só.



A Dr. Eileen persiste e consegue o convencer a se tratar em casa, acompanhado do carinho da sua mãe, a senhora Brown, o que, meio resistente, termina por aceitar.



Passado algum tempo, depois de muitos esforços da doutora, o paciente tem melhoras significativas, tanto que aprendera, de maneira considerável, a recitar versos de um dos clássicos de Shakespeare, “Hamlet”. Porém, a certo momento o rapaz começa a recusar continuar o tratamento. Sua mãe, já havia percebido algo diferente na entoação da voz do filho, tanto que ela chegou a comentar com o marido que Christy estava apaixonando pela Dr. Eileen Cole, e que se preocupava com o andamento daquela situação.



Eileen apresenta uma proposta a Christy, sugerida por Peter (Adrian Dunbar), de expor suas pinturas para a apreciação do público, o que Christy aceitou com entusiasmo.



Porém, até este momento ela não havia revelado ao rapaz que ela e Peter eram namorados, e que em breve iriam se casar, o que veio a acontecer quando se encontravam à mesa bebendo: Ela, Christye, Peter e mais alguns amigos do casal. Christy, aproveitando a ocasião, declara seu amor por Eileen publicamente.



De inesperado, ele toma conhecimento, da própria Eileen, que ela e Peter iriam se casar.



Christy, que já estava numa altura elevada da bebida, termina por se embriagar ainda mais, bebendo seguidamente diversas porções. Ele escandaliza Eileen diante aos amigos, o que enfurece Peter, o qual tenta empurrar para fora do estabelecimento o rapaz cadeirante.



Eileen impede o namorado com tom agressivo, o qual sem mais dizer ou praticar qualquer ato, segue embora do estabelecimento.



Depois do desfecho daquela trama na qual se envolvera, Christy entrou em profundo estado depressivo, o que o fez parar de pintar por longo tempo. Em uma das crises depressivas, Christy, depois de escrever um pequeno bilhete, tenta cortar seu pulso com uma navalha suspensa com o pé esquerdo, e não consegue executar o suicídio.



A mãe de Christy com palavras duras diz a ele, naquele estado deplorável que se encontra, que não desistiria do seu filho, que ele havia partido seu coração, e acreditava que ele, o Christy, é o seu coração.



Apanhando algumas ferramentas ela começa a alicerçar um quartinho no quintal de casa dizendo a Christy que, tendo um quarto só para ele, assim pudesse voltar a pintar.



Quando o senhor Brown chega junto aos seus filhos, deparam com uma cena, a certo ponto engraçada: enquanto Christy, com seu pé segurando uma pequena pá, mistura a massa, sua mãe fixa os tijolos.



Então, como a profissão do senhor Brown é pedreiro, junto com os demais filhos constroem o quartinho para o Christy.



Retomado seu entusiasmo, Christy com a ajuda do seu irmão mais novo, escreve o livro de sua história, o qual lhe rendeu algum dinheiro contribuindo assim com a melhora da situação financeira da família, o que foi tão necessário, pois àquelas circunstancias já era ausente o pai, por ter falecido em um infarto fulminante.



As últimas cenas do filme trazem de retorno Eileen e mais uma proposta feita a Christy, o convidando para um evento no qual sua presença serei muito importante, que ele aceitasse pelos deficientes celebrais, proposta a qual Christy aceitou, mesmo diante de não gostar de aparecer um público.



Diferente da exposição de pinturas, Christy não seguiu ao encontro de sua apresentação com o coração apaixonado por sua médica, desejoso de revelar o seu amor por uma mulher que ele tinha mais que admiração.

A enfermeira de Christy, por àquelas horas de espera para enfim se apresentar ao público, o fez cativado em sua companhia, e ao mesmo tempo se permitiu ser conquistada pelo autor daquele livro o qual lia mergulhada na tão brilhante história de vida da daquele moço. Ela diz para Christy que tem um encontro marcado para depois do expediente, ele, a questiona por varias vezes se ela ama esse encontro. Ela não afirma, e então Christy percebe em seus olhos que ela não ama aquele encontro, e assim como que insistentemente pede a moça que fique com ele. Muito inteligente, Christy deixa registrado o seu pedido quando ao autografar o livro para ela.


No final daquela apresentação de Christy Brown ao público, ao receber um ramalhete de rosas e entregar a sua mãe, cordialmente ele pede a senhora Brown que lhe dê uma das rosas, e olhando para Mary, seguro a rosa com o pé esquerdo, estende em direção da moça e a oferece.



Christy Brown e Mary Car se casaram em 5 de outubro de 1972.








Nenhum comentário:

Postar um comentário